A Paróquia de S. Pedro, no Prior Velho, acolheu durante dois dias uma exposição intitulada “ Direito a Habitar ”, que visou sobretudo relembrar os 40 anos de Políticas Públicas de Habitação. Nesta iniciativa da Plataforma artigo 65, criada com o objectivo de defender o direito a habitação, tal como consagra o artigo 65 da Constituição da República Portuguesa, a associação fez-se representar por Helena Roseta que já anda há muitos anos a tentar resolver o problema da habitação. Segundo a arquitecta a exposição mostra tudo aquilo que os portugueses viveram nos anos 60 quando emigraram para outros países da Europa e o que os emigrantes vindos da África, mas não só, vivem agora. E tal como se gritava no 25 de Abril de 1974 “casa sim, barraca não”, continua-se a ouvir o mesmo grito.
Roseta relembrou como, com a ajuda dos arquitectos, foi fundado o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), que tinha por meta solucionar os casos de famílias sem habitação. Nos anos 90, devido à pressão da comunicação social, o governo foi obrigado a criar o Programa Especial de Realojamento (PER). O PER visava o realojamento das pessoas que residiam nos bairros de barracas através da construção de habitações sociais em zonas ultra-periféricas juntando muitas vezes a descriminação geográfica à descriminação étnica e social. Contudo, o PER está longe de acabar. Muitas famílias ainda aguardam casas e, por outro lado muitas pessoas acabam outra vez por ocupar barracas já demolidas.
A Plataforma pretende ajudar essencialmente pessoas e famílias que ficaram fora do PER, considerando que em Lisboa há mais de 60 mil casas fechadas e que podem ser habitadas. Através de um novo projecto, Acupunctura Urbana, pretende-se recuperar as casas e habitá-las. Segundo a Plataforma essa iniciativa conta com o apoio do presidente da República e inclusive este já foi convidado para visitar um dos bairros de barracas.
Texto Surraia Correia
Monday, February 26, 2007
Friday, February 23, 2007
Thursday, February 15, 2007
Fada Moranga faz magia no «À Bolina»
Na tarde de 15 de Fevereiro a Fada Moranga visitou o projecto À Bolina, na Quinta da Serra, Prior Velho, para partilhar as suas cores. Ex-maquilhadora profissional e artista plástica, Maria João Catarino espalhou estrelas e pozinhos de brilhantes e fez nascer flores, núvens e até máscaras de homem-aranha nas caras dos meninos que frequentam o apoio escolar. Os seus pincéis e as aguarelas também rasgaram sorrisos e muita risota. E a Moranga prometeu voltar. Porque o Carnaval é quando esta fada e os nossos meninos quiserem.
Monday, February 05, 2007
«Ana e Hanna»: exclusão dos emigrantes em foco no Teatro D. Maria
Até 6 de Março está em cena, no Teatro Nacional D. Maria II,«Ana e Hanna», de John Retallack, com encenação de António Feio e interpretada por Rita Calçada e Vânia, a ex-Delirium. Com acção em Tavira, a peça reflecte sobre a questão da exclusão social, tema em foco na actualidade devido ao grande fluxo migratório a que o país assiste.
Esta peça fala de uma bonita amizade que nasce entre duas raparigas, de dezanove anos, a portuguesa Ana, cantora de karaoke, e a kosovar Hanna, recém-chegada à cidade de Tavira em busca de asilo político.
A vida destas duas raparigas cruza-se numa noite de verão e a partir daí trocam experiências e emoções. Ana é interpretada pela Vânia, mais conhecida na área da música como uma das Delirium, que agora se estreia no teatro. Esta personagem é muito pouco receptiva à chega de imigrantes à sua terra, tal como a maior parte da comunidade a que pertence. Já a personagem albanesa, vítima desta exclusão, veio do Kosovo com a mãe e o irmão. Hanna quer ser farmacêutica, enquanto a portuguesa apenas quer ser rica.
A paixão pela música será o factor dominante para que as duas jovens partilhem as suas vidas e que nasça uma amizade tão forte que nem a distância consegue destruir.
Uma peça para o público jovem, que foca dois lados da emigração: a voz de quem acolhe e a de quem é acolhido.
Para ver de 1 de Dezembro a 6 de Março de 2007, na sala Garrett. Quartas e Sextas às 11 horas, Sábados e feriados às 15:30 e Domingo às 11horas. A peça, para maiores de 12 anos, pode ser vista pelos participantes no Projecto À Bolina pelo preço especial acordado com o ACIME: 6€.
Texto: Surraia Correia
Foto: Teatro Nacional D. Maria II
Partida
Era Setembro
Diferente de todos os outros
Uma tarde Nova
Porque não eram tardes as que me habituei
A ave de ferro roncou e levantou,
No entardecer desse Setembro.
Lá fora o silêncio, silêncio e dor.
Porquê meu Deus, porquê da partida?
Também dentro,
Um silêncio amargo
As interrogações do que será amanhã
Num mundo desconhecido
Que até o sol era outro
Ainda dentro, eu, alegre mas triste,
Fechado num silêncio hipócrita
Sufocante com a partida,
Só Deus sabe.
Outono
Num pôr-do-sol triste
A ave poisou na terra do amparo,
Que a história já me falara.
Tudo era novo
Até o meu céu coberto com panos de jagundins,
Deixou de existir
Para ser colorido de gaivotas
Que hoje os meus olhos se vão acostumando.
Autor: MaVaDi
Lisboa, Setembro de 1985
Diferente de todos os outros
Uma tarde Nova
Porque não eram tardes as que me habituei
A ave de ferro roncou e levantou,
No entardecer desse Setembro.
Lá fora o silêncio, silêncio e dor.
Porquê meu Deus, porquê da partida?
Também dentro,
Um silêncio amargo
As interrogações do que será amanhã
Num mundo desconhecido
Que até o sol era outro
Ainda dentro, eu, alegre mas triste,
Fechado num silêncio hipócrita
Sufocante com a partida,
Só Deus sabe.
Outono
Num pôr-do-sol triste
A ave poisou na terra do amparo,
Que a história já me falara.
Tudo era novo
Até o meu céu coberto com panos de jagundins,
Deixou de existir
Para ser colorido de gaivotas
Que hoje os meus olhos se vão acostumando.
Autor: MaVaDi
Lisboa, Setembro de 1985
Terra Longe
De zero a segunda idade
Fui sempre teu
Percorremos longos caminhos
Sem reparar o traço do destino
Chegou o momento de te deixar
Não o faço porque quero
Nem porque sou cobarde
Faço-o porque é o momento.
É preciso partir
Porque ainda tenho forças
É preciso partir
Porque merecem algo
Parto porque vos quero
Com gosto ou desgosto
Sinto que devo partir
Porque é o destino
Parto mas fico
Fico porque deixei raízes
Rodeadas de amigos
Cobrindo o vácuo que a partida deixou
Também deixo inimigos
Venenos e fogueiros da partida
Sem esperanças no amanhã
Servindo de homens
Para a acha das suas fogueiras
Levo e deixo saudades.
Que fazer
É o destino
Pertenço ao meu tempo
Devo sacrificar por ele
MaVaDi (Na Hora do Adeus)
Setembro de 1985
Fui sempre teu
Percorremos longos caminhos
Sem reparar o traço do destino
Chegou o momento de te deixar
Não o faço porque quero
Nem porque sou cobarde
Faço-o porque é o momento.
É preciso partir
Porque ainda tenho forças
É preciso partir
Porque merecem algo
Parto porque vos quero
Com gosto ou desgosto
Sinto que devo partir
Porque é o destino
Parto mas fico
Fico porque deixei raízes
Rodeadas de amigos
Cobrindo o vácuo que a partida deixou
Também deixo inimigos
Venenos e fogueiros da partida
Sem esperanças no amanhã
Servindo de homens
Para a acha das suas fogueiras
Levo e deixo saudades.
Que fazer
É o destino
Pertenço ao meu tempo
Devo sacrificar por ele
MaVaDi (Na Hora do Adeus)
Setembro de 1985
A minha terra... Bolama, Bijagós
«A minha terra é linda, com uma beleza muito grande: boas águas, praias, uma flora e fauna muito ricas. Representa 80% da economia da Guiné. A minha terra vive de três partes: pesca, agricultura e comércio. Quanto à alimentação, o arroz é um produto importante assim como a mancara (amendoim), o feijão branco, o milho, etc. Constrem-se bonecos tradicionais em pau preto ou coloridos.
Há certos rituais como por exemplo, a "Toca do Choro" - que é uma cerimónia fúnebre - e o "Fanado". Gosto muito da minha terra.»
Autor: Junilto Netchemo
O Junilto, que tem 13 anos, chegou em Dezembro da Guiné para tratar complicações decorrentes de uma fractura na perna, há seis anos atrás. Foi hospitalizado e operado de emergência no Hospital D. Estefânia, onde está em recuperação. Entretanto tem trabalhado com as professoras que apoiam as crianças e jovens internados. Este trabalho foi escrito com a ajuda da professora Anabela Bento.
Há certos rituais como por exemplo, a "Toca do Choro" - que é uma cerimónia fúnebre - e o "Fanado". Gosto muito da minha terra.»
Autor: Junilto Netchemo
O Junilto, que tem 13 anos, chegou em Dezembro da Guiné para tratar complicações decorrentes de uma fractura na perna, há seis anos atrás. Foi hospitalizado e operado de emergência no Hospital D. Estefânia, onde está em recuperação. Entretanto tem trabalhado com as professoras que apoiam as crianças e jovens internados. Este trabalho foi escrito com a ajuda da professora Anabela Bento.
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