Decorreu entre os dias 21 a 24 de Novembro, uma formação organizada pelo Gabinete de Apoio às Associações de Imigrantes ( GATAI ) sobre como os imigrantes devem lidar com os orgãos de comunicação social. A formação “Imigração e Diálogo com a Imprensa” teve lugar nas instalações do ACIDI no horário pós-laboral.
Destinada às associações de imigrantes e a outros técnicos, está formação pretendeu sobretudo dar a conhecer aos participantes as principais características dos meios de Comunicação Social em Portugal e formas de actuação. Serviu também para que os participantes saibam falar e lidar com os média quando abordados, sem que saiam prejudicados ou mal intendidos.Isto porque muitas vezes, quando um imigrante é entrevistado ou sempre que é notícia é quase sempre tratado pela forma que mais convém ao jornalista e ao orgão que ele representa.
Em Portugal particularmente, os imigrantes são tratados muitas vezes sem direito a resposta e como pobres e coitadinhos. Alguns jornalistas tratam a informação da forma que lhe permita ganhar mais audiência e dinheiro.
Também existem momentos em que um imigrante se torna notícia, capa e manchete dos jornais e revistas: È quando são descendentes de imigrantes ou naturalizados, que de algum modo foram importantes para o país. São situações em que tiveram sucesso e levaram o nome de Portugal para fora. Mas estes momentos acontecem excepcionalmente no mundo desportivo e aí nem são referidos como cidadão imigrante, mas sim um português ou um herói nacional.
Esta relação pouco clara e nem sempre objectiva resulta do trabalho do jornalista feito na sua redacção, sem estar no terreno para contactar com as pessoas. Por sua vez os imigrantes optam por uma atitude defensiva e isto acaba por gerar situações pouco agradáveis para ambos.
Deste modo,acabam por passar uma imagem negativa face a situação dos imigrantes. Resta a sociedade aceitar aquilo que a comunicação social lhe apresenta como sendo as informações verdadeiras, visto que é líder na formação de opiniões sobre temas e situações.
Isso leva a que se faça uma generalização dos casos sem que se tome cada notícia em particular ou o entrevistado como um indivíduo.
Contudo o país continua inclusivé, a ter uma mão - de - obra activa fortemente dominada por imigrantes que trabalham muito, com horários desgastantes, contribuindo para a economia e desenvolvimento do país. E o que acontece muitas vezes é que esses imigrantes acabam por ser julgados na praça pública sem direito de resposta e aí já não se lembram daqueles que fizeram e fazem coisa positivas para a evolução do país.
Relativamente ao conteúdo das matérias dadas ao longo desses dias, é de referir a importância do Princípio Fundamental da Teoria Geral da comunicação que foi abordada como sendo o início para qualquer comunicação.
Aquilo que ficou claro para os participantes, foi que para comunicar temos que ter factos e ou acontecimentos e só então poderão conseguir trazer os media até eles. No caso dos imigrantes em Portugal aquilo que acontece é que muitos dos factos costumam estar associados à coisas maus, que apenas contribuem para denegridir a imagem desses imigrantes, que depois nem conseguem ter oportunidade para dar uma resposta face à notícia.
È a partir dos factos que o jornalista vai produzir a notícia, esta depois se torna numa imagem que por sua vez produz no público uma opinião multiplicada.
Sabendo que a opinião do público tende a multiplicar-se rapidamente deviso ao modo como o jornalista avalia os factos, foi sugerida aos participantes que quando abordados por orgãos sociais tenham muito cuidado e informar pela positiva, de forma que lhes seja favorável e ainda ter atenção à linguagem usada. Para isto tudo requer-se muita técnica e cuidado para que não sejam mal intendidos.
Texto: Surraia Correia
Fotos: Luís Costa