Wednesday, November 07, 2007

A nossa Pátria é a língua portuguesa



Partindo da acção do À Bolina no Bairro da Quinta da Serra, o coordenador, o José Carlos escreveu no seu blog um texto de reflexão sobre a necessidade de um ensino da língua portuguesa às crianças e jovens dos PALOP nas nossas escolas que incorpore as suas reais dificuldades e ultrapasse o preconceito de que quem é oriundo de países de língua oficial portuguesa não precisa...

Publicamos uma parte do texto que pode ser lido integralmente no blog oquestamosafazer.blogspot.com.

Todos os dias, na nossa acção com o "outro" somos levados a concluir que sem uma língua que nos una, sem essa pátria, só existe o deserto e o deserto em determinadas condições atmosféricas conduz às tempestades e à violência. A violência daqueles que condenamos ou que se condenam a si próprios ao silêncio.

Do ponto de vista escolar, temos, entre nós, situações de crianças que só sabendo falar crioulo não conseguem acompanhar o que se passa, não só nas aulas de português mas em todas as outras disciplinas. Essas crianças para quem pedimos apoio especifico na escola, só podem beneficiar dele depois de terem maus resultados comprovados. Existe uma ideia, errada, de que as crianças e jovens provenientes de países de lingua oficial portuguesa precisam de menos apoio ao nível da língua portuguesa que os outros imigrantes.
Por outro lado, é essa lingua, essa pátria e mátria, que nos liga através da memória e das narrativas ao "outro" que nos cria as condições para o estabelecimento das identidades e também a capacidade da promessa, a visão da(s) nossa(s) possibilidades de futuro. Esta é uma reconciliação que é feita a partir de dentro. Uma reconciliação de paz numa memória marcada pela relação colonizador/ colonizado e muitas vezes pela guerra.

Melhorar por todos os meios ao nosso alcance a competência na lingua portuguesa, como instrumento e espaço de cidadania talvez seja o nosso ovo de Colombo, na resposta à pergunta de como intervir para a inclusão em sistemas cada vez mais complexos. Com a vantagem de resolver na prática a contradição que existe muitas vezes entre acções eficazes e acções fecundas.
Texto: José da Costa Ramos, in oquestamosafazer.blogspot.com

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