Tuesday, November 13, 2007
História nº 6: Cavalinho
Cada sessão de leitura e ilustração dos contos que recolhemos é uma diversão. Ai fica o registo e a história ilustrada.
Era uma vez uma menina muito bonita, delicada e boa para todas as pessoas. Vivia com o seu pai porque a sua mãe tinha morrido. Sempre que ela ia à fonte buscar água encontrava-se com uma senhora chamada Andreza que a ajudava a tirar água da fonte.
Ilustração: Eunice Lourenço
Tinham uma relação muito boa e a menina gostava mesmo da Andreza. Tanto que sempre que regressava a casa pedia ao seu pai que se casasse com Andreza porque achava que esta também gostava muito dela. Se o seu pai pedisse Andreza em casamento elas nunca se separariam.
Um dia o pai cedeu ao pedido da filha e casou-se com a Andreza. Mesmo vivendo juntas mantinham uma boa relação. Até que um dia em que a menina ficou a guardar as folhas de uma figueira (usadas para curas na medicina tradicional) para que ficassem secas veio um pássaro e levou as folhas. Quando Andreza voltou a rapariga explicou-lhe o sucedido. Furiosa, esta ralhou com ela e foi enterrá-la viva.
Ilustração: Óscar Mendes
Sempre que o cavalo do seu pai ia pastar ia comendo a erva mesmo em cima dela. Como ainda estava viva a menina começava a cantar:
Cavalinho di nha mame, Cavalinho da minha mãe
Cavalinho de nha pape, Cavalinho do meu pai
Ca bu cumé nha cabelo. Não comas o meu cabelo
Andreza n´teram bibo Andreza enterrou-me viva
Pabia di um fidjo di figuera Por causa do ramo de uma figueira
Cavalinho já levou, levou. Cavalinho já levou, levou.
Ilustração: Fábio Vieira
As crianças que por lá passavam ouviam uma voz a cantar e iam correndo dizer ao dono do cavalo mas este não ligava ao que diziam. Um dia, um senhor que por lá passou ouviu a voz e disse ao pai da menina. Só então este acreditou na história e foi desenterrar a filha, levando-a depois para casa para casa. O pai fez uma grande festa por ter a filha de volta mas avisou-a a que nunca o desafiasse. Sempre que um pai diz não a uma filha é para esta obedecer porque ele sabe o que diz e o que quer.
Ilustração: Elsa Mendes
Esta história foi-nos contada pelo Junilto Netchemo. Chegado há menos de um ano da Guiné mantém uma memória viva das histórias contadas por um dos seus irmãos mais velhos.
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